T1. Saúde
▪ O que significa para o seu partido o Serviço Nacional de Saúde?
O SNS é, para o LIVRE, um instrumento de liberdade. Um serviço que se quer universal e de acesso sem barreiras, para que nenhum cidadão ou cidadã deixe de se poder realizar na sua completude por um infortúnio de saúde ou por condições que herda, desde doenças congénitas às consequências nefastas de uma infância vivida em pobreza. Não é o único dos instrumentos que servem este propósito, claro, e é também o fruto de uma obrigação moral: que todos os nossos concidadãos possam fruir uma vida saudável e que, como sociedade, possamos viver todos em melhores condições em igualdade.
▪ Segundo o seu partido, que papel devem desempenhar os sectores privado e social na satisfação das necessidades de saúde dos portugueses e que medidas preconiza para que possam desempenhar o papel que devem desempenhar?
Os sectores privado e social devem assumir um papel supletivo, não se devendo substituir à obrigação do estado de, através de um Serviço Nacional de Saúde, bem como da avaliação do impacto na Saúde de todas as políticas públicas, assegurar a Saúde a todos os cidadãos. Esta obrigação é ainda insuficientemente cumprida, por exemplo, nos cuidados de longa duração, entre outros, e deve nestes casos o estado ter protocolos e convenções apenas nas áreas onde se considera que não tem recursos que permitam garantir uma resposta adequada, devendo a relação entre os três setores ser transparente, honesta e regulada e no sentido da capacitação do SNS nas áreas em que seja deficitário.
Tendo em conta a perspectiva sobre o papel fulcral do SNS, o LIVRE considera que se deve trabalhar no seu reforço e consolidação, por via da dignificação das carreiras dos profissionais de saúde bem como da orçamentação adequada do SNS.
▪ Quais as cinco medidas prioritárias que o seu partido se propõe implementar, para garantir o acesso à saúde dos portugueses?
▪ Que propostas tem para melhorar a cobertura vacinal contra a COVID-19, nos países africanos?
O LIVRE tem defendido, no âmbito de um efectivo combate a um desafio global, respostas globais. A necessidade de vacinação urgente e completa de uma porção tão grande quanto possível da população mundial levou à defesa da libertação de patentes das vacinas, mas que, por si só, não é suficiente: urge igualmente investir na comunicação de risco e promoção da Ciência como combate à hesitação vacinal, bem como à utilização de intervenções não farmacológicas tais como o uso de máscaras. A efectivação de um programa de partilha de vacinas, que a iniciativa COVAX não tem ainda alcançado com sucesso, deve ser prioritária face ao açambarcamento de doses de vacina para eventuais reforços anuais, como vem sendo insinuado em países de altos rendimentos.
T2. Alterações climáticas
▪ Que posicionamento tem o seu partido no que toca às alterações climáticas?
A ação urgente, em matéria climática, é uma das grandes prioridades do LIVRE. No contexto da crise ecológica global, na qual se incluem o declínio da biodiversidade, a desertificação, a poluição (em particular decorrente de metais pesados, microplásticos e muitas substâncias tóxicas) e o desequilíbrio global dos ciclos do azoto e fósforo, as alterações climáticas são também uma destas grandes componentes da crise, que requerem acção política convicta, baseada na ciência, e urgente. Neste sentido, para além de medidas transversais que se encontram distribuídas pelos diversos capítulos do Programa Eleitoral do LIVRE às Eleições Legislativas de 2022, o LIVRE dedica um capítulo inteiro ao tema “Emergência Climática e Energia”, que inclui 25 medidas prioritárias.
▪ Quais as cinco medidas prioritárias que o seu partido se propõe implementar, para combater as alterações climáticas?
Das 25 medidas prioritárias que incluímos no capítulo “Emergência Climática e Energia” do Programa Eleitoral do LIVRE às Eleições Legislativas de 2022, são dignas de destaque as seguintes cinco medidas (ainda que todas merecessem igual destaque):
1) Declarar a emergência climática nacional, atribuindo ao desafio de combate às alterações climáticas a urgência civilizacional que efetivamente representa, de forma inequívoca e mobilizadora; criando uma "Task-force" para a crise climática, que acompanhe a evolução das emissões de GEE, e tenha base legal para avançar com a implementação de medidas de carácter urgente; garantindo que Portugal cumpre os objetivos traçados, quer na redução de emissões, quer na mitigação / adaptação às alterações climáticas.
2) Assumir uma redução de 65% das emissões nacionais de gases com efeito de estufa até 2030, promovendo igual esforço internacional, ultrapassando a meta de até 55% assumida pelo governo e dando resposta aos cenários que apontam a necessidade desta aceleração para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 1,5 °C em relação ao período pré-industrial.
3) Rejeitar o Tratado da Carta da Energia, pugnando no âmbito das instituições europeias para uma saída coordenada dos vários Estados-Membros da UE. O governo português deve acompanhar França, Espanha e outros países da UE defendendo publicamente o abandono coletivo deste acordo, que constitui o maior obstáculo à luta contra as alterações climáticas na Europa, e uma perigosa ameaça para as finanças públicas.
4) Promover as Comunidades de Energia Renováveis (CER) e democratizar o acesso à produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, nomeadamente através do incentivo à formação de cooperativas de produtores e apoio às existentes, fornecimento dos edifícios públicos através destas cooperativas, sempre que possível, promover a participação cidadã em Comunidades de Energia Renovável e Comunidades de Cidadãos para a Energia, sem condições discriminatórias, devendo ser respeitados os direitos dos consumidores, apoiar as cidadãs e os cidadãos no acesso à informação técnica e financeira relacionada com a criação das Comunidades de Energia e incentivar as Comunidades de Energias Renováveis no desenvolvimento de objetivos sociais, como a luta contra a pobreza energética e o desenvolvimento de modelos de solidariedade para ajudar os seus membros mais vulneráveis.
5) Criar uma taxa universal sobre o carbono, no quadro de uma reforma fiscal ambiental, internalizando dessa forma as externalidades geradas, assegurando equidade social através de uma abordagem que resulte em neutralidade fiscal, por exemplo através da redução da tributação sobre o trabalho, complementando com a eliminação de subsídios ou ecotaxas ambientalmente prejudiciais, aplicando os princípios do poluidor-pagador e utilizador-pagador e incentivando o pagamento de serviços dos ecossistemas ou o investimento em eficiência energética ou demais medidas de caráter ambiental.