26 de setembro de 2025
A Médicos do Mundo junta-se à Amnistia Internacional França, Repórteres Sem Fronteiras, Greenpeace França e Médicos Sem Fronteiras Países Baixos na denúncia dos ataques com drones contra a Global Sumud Flotilla, uma iniciativa pacífica que transporta ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
As organizações apelam aos Estados europeus para que condenem publicamente estas agressões e pressionem as autoridades israelitas a permitir a entrada segura da flotilha e da ajuda humanitária urgente em Gaza.
Leia abaixo a declaração na íntegra.
Os Estados europeus devem condenar os ataques contra a Global Sumud Flotilla
Paris, 25 de setembro de 2025
Cinco organizações humanitárias, ambientais e de defesa dos direitos humanos denunciam os novos ataques ilegais com drones ocorridos na noite de 23 para 24 de setembro contra a Global Sumud Flotilla, uma iniciativa pacífica que visa romper o cerco ilegal imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Face aos riscos enfrentados pelas centenas de ativistas pacíficos e jornalistas a bordo, e perante a situação apocalíptica da população palestiniana em Gaza — entregue à fome e à escassez de cuidados médicos devido a um bloqueio ilegal — apelamos aos Estados terceiros, em particular aos Estados europeus, para que condenem publicamente os ataques contra a flotilha. Devem ainda exercer pressão sobre as autoridades israelitas para permitir a entrada segura da flotilha e de ajuda humanitária urgente na Faixa de Gaza.
Em dois anos, os bombardeamentos indiscriminados e sistemáticos sobre Gaza causaram mais de 65.000 mortes e destruíram ou danificaram 92% das infraestruturas. O cerco imposto por Israel e as restrições às organizações humanitárias que ali operavam, agravaram o sofrimento da população palestiniana, provocando fome e privação de cuidados. Desde outubro de 2023, pelo menos 543 trabalhadores humanitários foram mortos, incluindo 373 membros do pessoal e colaboradores das Nações Unidas.
Neste contexto, as cerca de cinquenta embarcações da Global Sumud Flotilla, que transportam ajuda humanitária, acompanhada por centenas de participantes de 45 países, procuram, através de uma ação pacífica, alertar a comunidade internacional para o bloqueio cruel e ilegal imposto por Israel à população palestiniana há 18 anos, agravado desde outubro de 2023.
Após os primeiros ataques na Tunísia, os ativistas e jornalistas a bordo da flotilha relataram explosões e múltiplos ataques com drones na noite de 23 para 24 de setembro, enquanto navegavam em águas internacionais, ao largo da Grécia.
As flotilhas para Gaza são importantes iniciativas cidadãs de solidariedade com os palestinianos sitiados, famintos e em sofrimento. Contribuem para manter a atenção sobre a situação em Gaza. Assumem o papel dos Estados perante a persistente inação da comunidade internacional, transportando ajuda humanitária modesta, mas essencial, para enfrentar a fome e o genocídio em curso.
Atacar estes navios é inaceitável. A ação desta coligação humanitária da sociedade civil é perfeitamente legal à luz do direito internacional: as operações de ajuda humanitária e a cobertura jornalística em tempos de conflito armado são protegidas pelo direito internacional humanitário.
Estes ataques ocorrem numa altura em que uma comissão de inquérito das Nações Unidas concluiu que Israel está a cometer um crime de genocídio na Faixa de Gaza, na sequência das conclusões divulgadas nos últimos meses por várias organizações internacionais de defesa dos direitos humanos (Amnistia Internacional, Human Rights Watch, FIDH), israelitas (B’Tselem, Physicians for Human Rights) e palestinianas (Al Haq, The Palestinian Centre for Human Rights, entre outras).
Nada pode justificar o bloqueio da ajuda humanitária a Gaza, quando a população sofre de fome e de condições de vida catastróficas causadas pelo genocídio. Os Estados devem intensificar a pressão sobre Israel para garantir a passagem segura da flotilha, e fazer tudo ao seu alcance para que as autoridades israelitas levantem imediatamente o bloqueio ilegal sobre Gaza, permitindo assim a entrada e circulação sem entraves da ajuda humanitária e de bens essenciais.
