Nas últimas semanas, as operações militares israelitas na Faixa de Gaza aumentaram consideravelmente, conduzindo o território a níveis de devastação ainda mais profundos.
O ataque a uma escola das Nações Unidas, utilizada como abrigo, em Nuseirat, no domingo, bem como os massacres de Al Mawasi, na denominada "zona segura", e de Al Shati, na cidade de Gaza, a 13 de julho, são as mais recentes investidas contra civis, no contexto da intensificação dos bombardeamentos israelitas em zonas densamente povoadas.
O exército de Israel emitiu novas "ordens de evacuação" para Khan Yunis e a cidade de Gaza, que desencadearam transferências forçadas da população e reprimiram ainda mais os palestinianos para áreas mais pequenas e sobrelotadas, que não dispõem de recursos para sustentar a vida humana. Em consequência, a catástrofe humanitária agrava-se, enquanto os entraves à distribuição de ajuda continuam a ser desastrosos.
Estes acontecimentos recentes agravam a catástrofe humanitária, enquanto as organizações de ajuda humanitária continuam a enfrentar fortes entraves impostos pela manutenção das operações militares israelitas no terreno. No documento "Gaza Humanitarian Snapshot", publicado a 15 de julho, as Organizações Não Governamentais Internacionais (ONGI) revelam os imensos desafios que impedem a sua resposta humanitária em Gaza.
As ONGI referem que a entrada de ajuda em Gaza sofreu uma profunda deterioração desde a grande incursão terrestre israelita em Rafah, no início de maio.
Os pontos de passagem no Sul estão totalmente encerrados ou não se encontram disponíveis do ponto de vista logístico, devido à deterioração das condições de segurança. Médicos Sem Fronteiras (MSF), Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC), Première Urgence Internationale (PUI), Médicos do Mundo (MdM), Mercy Corps (MC), Save the Children (SC), CARE, Handicap International (HI) e ActionAid relatam que toneladas de ajuda extremamente necessária, destinadas a serem entregues pela rota do Sul, estão bloqueadas há semanas e, em alguns casos, há meses. A entrega de ajuda na região norte também continua limitada: embora o envio de mercadorias de Amã, na Jordânia, para o norte de Gaza, não demore mais de seis horas, a Oxfam levou cinco semanas a fazer entrar 1600 caixas de alimentos.
Com base em exemplos alarmantes, explicamos como as nossas operações para fazer chegar ajuda a quem dela precisa na Faixa de Gaza enfrentam insegurança e restrições:
- controlos militares aos profissionais humanitários, que são rastreados através de câmaras ou drones, nos postos de controlo israelitas;
- necessidade de notificação das autoridades israelitas quanto aos movimentos dos trabalhadores humanitários, mesmo no interior das denominadas “zonas humanitárias”;
- utilização de veículos de tração animal pelos profissionais humanitários, devido à falta de combustível.
A preocupação com a vida dos nossos profissionais é cada vez maior, uma vez que a sua segurança nem sequer pode ser garantida dentro das nossas instalações humanitárias.
O recente assassinato de um membro da equipa da HI, a obrigação da MdM e da MSF abandonarem as instalações de saúde, devido a ataques israelitas, e as “ordens de evacuação” são exemplos recentes do incumprimento das responsabilidades das partes em conflito em garantir a proteção dos trabalhadores humanitários.
Após nove meses de uma guerra destrutiva, é urgente que os Estados terceiros reconheçam, que não cumprem as suas obrigações em garantir o respeito pelo Direito Internacional Humanitário em Gaza. Também, que é necessário exercer uma verdadeira pressão sobre as partes em conflito, para que se chegue a um cessar-fogo imediato e duradouro, como a única forma de prestar assistência humanitária e de proteger e salvar vidas em Gaza.
Consulte abaixo o documento (em inglês):
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