A Médicos do Mundo (MdM) manifesta a sua profunda consternação pelo assassinato de Luca Attanasio, o embaixador italiano na República Democrática do Congo (RDC), assim como do seu guarda-costas, Vittorio Laovacci, e motorista, Mustapha Milambo, durante um ataque armado ao comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM), perto de Goma, cidade no leste do país.
Nestes tempos difíceis, a MdM apresenta as suas sinceras condolências às famílias e amigos próximos das três vítimas.
A notícia provocou uma enorme comoção junto das equipas da MdM em Kinshasa, capital da RDC, uma vez que conheciam o embaixador e a sua mulher, com quem partilham uma luta comum, a do destino das crianças de rua. De facto, foi com um extraordinário sentido humanista que o embaixador apoiou a associação Mama Sofia, criada pela sua mulher. Com o apoio de um parceiro local, a Rede de Educadores de Crianças e Jovens de Rua (REEJER), a MdM assegura um futuro melhor a milhares de crianças de rua na capital congolesa.
A MdM irá continuar esta luta em sua memória.
Este acto desumano é mais um reflexo da situação de insegurança que se vive no leste da RDC, da qual as populações civis são - e continuam a ser – as principais vítimas.
Enquanto parceiro do Prémio Nobel da Paz, o médico congolês Denis Mukwege, a MdM mantém o apelo ao governo congolês e às entidades internacionais para fortalecerem os mecanismos de luta contra a impunidade.
A Coordenadora-geral da MdM em Bukavu, capital da província de Kivu do Sul, recorda: “A impunidade deve acabar. Quer se trate de assassinatos hediondos ou de violações, as pessoas na RDC já sofreram demasiado. Sabiam que recebemos quatro sobreviventes de violência sexual todos os dias no Hospital de Panzi? Todas estas situações estão ligadas à impunidade. Por outro lado, este assassinato de um responsável diplomático deve relembrar a todos a extrema dificuldade que se coloca aos agentes humanitários no acesso às populações vulneráveis nestas zonas de conflito.”
A MdM, enquanto agente humanitário neutro e imparcial, apela a todas as partes envolvidas no conflito para que respeitem a Lei Humanitária Internacional.
Recorde-se que a MdM trabalha em Kinshasa e nas províncias de Kivu do Sul e Tanganyika, no leste do país, com vista a assegurar a cobertura universal de saúde a populações vulneráveis. Mais especificamente, a MdM está a fortalecer o sistema de saúde, através da disponibilização de recursos humanos qualificados, apoio medicamentoso e equipamentos, e a assegurar cuidados gratuitos de qualidade. As equipas da MdM, na maioria constituídas por profissionais locais, estão no terreno todos os dias, a trabalhar de perto com a população.