"A situação em Gaza é extremamente preocupante. Os cortes de energia estão a afetar os hospitais, que dependem agora de geradores de emergência. A insegurança está a dificultar o acesso da população aos serviços de saúde essenciais, uma vez que o pessoal médico e os doentes não conseguem chegar às instalações de saúde", conta Hortense Devalière, responsável pelos programas para a Palestina da MdM Suíça.
A MdM, que trabalha nos Territórios Palestinianos Ocupados desde 1994 - através das suas delegações de Espanha, França e Suíça - apela às autoridades israelitas e palestinianas para que respeitem e apliquem o direito internacional humanitário, tendo em conta a escalada de violência em ambos os territórios, desde que as brigadas palestinianas al-Qassam e al-Quds dispararam milhares de rockets e realizaram incursões terrestres em cidades próximas da fronteira de Gaza, no sábado, 7 de outubro, provocando mais de 900 mortos e 2600 feridos em Israel, segundo os serviços médicos de emergência do país.
Respeito pelo direito internacional humanitário
Enquanto organização humanitária internacional, apelamos a que o acesso humanitário, os cuidados de saúde, a evacuação médica, o acesso aos centros de saúde e aos hospitais, e a proteção dos civis e do pessoal de saúde e de emergência, sejam assegurados no pleno respeito pelo direito internacional humanitário.
De acordo com as Convenções de Genebra, as potências ocupantes têm o dever de assegurar a satisfação das necessidades médicas da população civil nos territórios ocupados. Por isso, exortamos o Governo israelita a respeitar o acesso a ajuda humanitária às zonas onde se registaram ataques à população civil. Este acesso é essencial para permitir a entrega de material médico, a passagem de equipas médicas e de pessoal humanitário, bem como a saída da Faixa de Gaza de doentes que necessitam de cuidados médicos.
Fornecimento de bens de primeira necessidade à população palestiniana
Na sequência do anúncio feito por Israel de um bloqueio total da Faixa de Gaza, que ficará privada de eletricidade, alimentos e combustível, a MdM apela a que seja assegurado o fornecimento de todos os bens de primeira necessidade a toda a população palestiniana, no pleno respeito pelo direito internacional humanitário.
A MdM pede também a libertação dos civis que foram feitos reféns pelas milícias do Hamas e a cessação das hostilidades contra a população israelita.
A MdM recorda igualmente que as necessidades básicas da população palestiniana são largamente cobertas pela ajuda humanitária internacional. Qualquer suspensão desta ajuda poderá agravar ainda mais a sua extrema situação de vulnerabilidade.
Consequências potencialmente dramáticas
A MdM está preocupada com o impacto que a escalada do conflito poderá ter na saúde e no bem-estar da população civil, bem como na capacidade do sistema de saúde para lidar com o risco de sobrecarga dos hospitais e dos serviços.
Em resultado da ocupação e do bloqueio, a Faixa de Gaza sofre de uma crise prolongada há mais de 16 anos. A população do território foi exposta a várias escaladas militares (2007, 2012, 2014, 2021 e agora 2023).
A Médicos do Mundo na Palestina
A MdM está presente na Palestina desde 1994 e desenvolve as suas atividades na Faixa de Gaza desde 2019.
- As equipas trabalham para melhorar o acesso à saúde mental e aos cuidados psicossociais.
- Estão também a reforçar as capacidades do pessoal médico para responder às necessidades médicas da população palestiniana.
- A MdM disponibiliza igualmente uma resposta de emergência e uma intervenção a longo prazo, em coordenação com os diferentes atores institucionais e da sociedade civil: formação do pessoal médico local e entrega de equipamento médico e de medicamentos, nomeadamente no domínio da cirurgia ortopédica e traumatológica.