Na data em que se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Médicos do Mundo esclarece a importância das equipas de proximidade e o seu contributo para a intervenção no terreno, de forma a atenuar os impactos causados pela pobreza ao nível da saúde das pessoas que apoiamos.
Médicos do Mundo (MdM): A Médicos do Mundo desenvolve projectos que visam melhorar as condições de vida dos beneficiários e atenuar os impactos da pobreza e exclusão social, nomeadamente, a falta de acesso a cuidados de saúde primários. Qual o contributo de um assistente social no quotidiano dos projectos com pessoas em situação de sem abrigo?
Diana Gautier (D.G): Ao longo de cinco anos fiz parte de uma das Equipas Técnicas de Rua da Médicos do Mundo e acredito que a saúde tem de ser vista de forma holística, ou seja, não é só a saúde física e mental que importa, mas é também o bem-estar social. Estas equipas continuam a trabalhar com as pessoas em situação de sem abrigo, e não só e a sua intervenção é muito completa, no sentido em que trabalha segundo esta noção integrada de saúde.
O diagnóstico das pessoas que vêm até nós requer, muitas vezes, vários atendimentos até que se perceba ao certo qual é a situação em causa para se definir as problemáticas. E a seguir, com a participação activa do utente, desenha-se o projecto de intervenção que espelha o que é realmente importante para alcançar o bem-estar daquela pessoa.
Mas para que tal seja possível, é preciso perceber quais são os recursos, internos e externos da pessoa e da comunidade, para que as possamos orientar e apoiar. Estas pessoas estão excluídas, vivem à margem, e nós queremos incluí-las na sociedade se essa for a sua vontade.
No fundo, o nosso trabalho é fazer valer os direitos e deveres dos utentes que apoiamos, no acesso a cuidados de saúde, habitação, documentação, entre outros.