Enquanto a atenção do mundo continua centrada na situação catastrófica em Gaza, os ataques israelitas e as restrições à circulação aumentaram na Cisjordânia ocupada. Desde outubro de 2023, as restrições à circulação pela infraestrutura militar israelita estão a interromper as ligações geográficas entre cidades, aldeias e comunidades, perturbando gravemente o acesso a serviços essenciais, em especial aos cuidados de saúde.
No novo estudo de caso “Excluídos da Saúde: Como as Barreiras Militares Israelitas Impõem um Estrangulamento do Acesso a Cuidados de Saúde numa Aldeia Palestiniana”, a Médicos do Mundo analisa o caso da aldeia palestiniana de Al Walaja, para evidenciar um crescente problema de perturbação da saúde pública na Cisjordânia Ocupada.
A localização de serviços de saúde essenciais e especializados há muito que é impedida pelas autoridades israelitas em Al Walaja, uma vez que a única clínica da aldeia não está autorizada a alargar os serviços aos habitantes isolados. Cercada pelo muro construído por Israel no início dos anos 2000, a aldeia de Al Walaja viu aumentar, desde outubro de 2023, o sistemático encerramento militar israelita imposto à única estrada de acesso ao mundo exterior. Em consequência, os palestinianos têm de atravessar uma barreira militar israelita para aceder a cuidados de saúde essenciais.
“As pessoas sentem-se como se estivessem a viver numa prisão, porque não podem sair da aldeia sem passar pelos numerosos postos de controlo israelitas”, conta um médico da clínica de Al Walaja no relatório deste estudo de caso.
Com base em testemunhos dos habitantes de Al Walaja e de profissionais de saúde, o estudo de caso traça um quadro alarmante: doentes crónicos e psiquiátricos sem medicação, pais incapazes de levar os filhos aos hospitais e mulheres forçadas a deixar a aldeia prematuramente para dar à luz. “Excluídos da Saúde” narra, de forma intensa, as histórias da luta quotidiana pelo acesso aos cuidados de saúde.
Em todos os territórios palestinianos ocupados, o direito à saúde está sitiado. O prolongado encerramento militar da Cisjordânia, com o seu impacto devastador no acesso a cuidados de saúde por parte das aldeias e comunidades palestinianas, exige uma atenção urgente, uma vez que a região está à beira de uma escalada.
O estudo de caso pode ser consultado abaixo (em inglês):
- Este estudo de caso foi conduzido pela Médicos do Mundo (MdM). Baseia-se na análise de testemunhos de profissionais de saúde e em visitas regulares à clínica de Al Walaja, de janeiro a abril de 2024. Baseia-se igualmente na experiência da MdM em matéria de ajuda humanitária e nas restrições de acesso à clínica de Al Walaja e aos seus habitantes.
- A MdM tem intervenção em Al Walaja desde 2018, onde trabalha em estreita colaboração com a clínica de Al Walaja e seus profissionais de saúde, apoiando a integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários, através do financiamento e desenvolvimento de uma unidade de saúde mental e apoio psicossocial (SMAPS) na clínica. A MdM também presta serviços de apoio psicossocial de emergência aos residentes de al-Walaja afetados por incidentes relacionados com a ocupação, como demolições de casas e violência dos colonos.
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