Fala-se sempre dos médicos, mas hoje queremos olhar para essas mãos que sustentam a vida desde o primeiro instante. As parteiras. Elas são as primeiras a ouvir os batimentos cardíacos, a acolher as dúvidas, a acompanhar o medo e a alegria. São quem conhece cada paciente antes, durante e depois do parto. Quem fala de planeamento familiar, de direitos, de cuidados… e que, provavelmente, dentro de alguns anos, voltará a atender as filhas que hoje vê nascer.

17 de novembro de 2025

 

Seham Mohamad é puro sorriso

Esse sorriso amável que convida a confiar, a contar o que preocupa: o parto, o pós-parto, as relações em casa, a saúde dos filhos e filhas.

Na clínica da Médicos do Mundo, no norte da Síria, Seham é uma das primeiras portas a que as mulheres batem. Muitas chegam já a saber qual método contracetivo querem; outras precisam que Seham as ouça e lhes explique opções de acordo com a idade, a vida, a cultura. Ela nunca impõe, sempre propõe.

 

A decisão de Aisha: cesariana ou passar uma semana sem cuidar dos seus filhos

Enquanto conversamos, entra Aisha (nome fictício) com a recém-nascida nos braços. Vem cumprimentar Seham e agradecer-lhe. Durante o parto, numa clínica privada, tinham-lhe dito que precisava de uma cesariana. Mas Aisha sabia o que isso implicava. Decidiu ir a um centro da Médicos do Mundo.

 

“Já tive uma cesariana com o meu primeiro filho e sei o repouso que é necessário, tenho mais dois filhos e não posso permitir-me estar uma semana na cama.”

Diz Aisha enquanto embala o bebé.

 

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O parto foi complicado: a bebé era muito grande, o cordão umbilical estava enrolado e a placenta não saía de forma natural. Mas Seham e a colega estiveram lá, a sustentar, a guiar, a cuidar. Graças a elas, Aisha conseguiu o parto natural que desejava.

Depois, ajudaram-na a limpar-se, lavaram o bebé, deram-lhe conselhos sobre amamentação, vacinação, nutrição e cuidados pós-parto. Agora Aisha segue um plano de planeamento familiar e já tem quatro consultas neonatais agendadas.

 

“Sentimo-nos cuidadas em todo o processo, eu e a menina.”

Diz-nos com emoção.

 

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Histórias como a de Seham são possíveis graças à ajuda humanitária da União Europeia, que permite que a Médicos do Mundo continue a oferecer cuidados de saúde de qualidade e gratuitos a mulheres que, de outro modo, ficariam fora do sistema. Porque apoiar as parteiras é apoiar a vida, a saúde e a dignidade. E, em lugares onde nascer é um desafio, elas são o primeiro abraço seguro.