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A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e afeta milhares de pessoas em Portugal. Mais do que uma condição médica, é um desafio social, familiar e humano que exige informação rigorosa, cuidados adequados e respeito pela autonomia de quem vive com a doença.

Compreender a doença é o primeiro passo para cuidar com dignidade e empoderar quem a vive. A abordagem centrada na pessoa, defendida pela Médicos do Mundo, reforça a importância de respeitar a vontade, a história e os direitos da Pessoa com Doença de Alzheimer. 

Promover a autonomia, combater o estigma e garantir cuidados integrados são pilares fundamentais para que o envelhecimento com Doença de Alzheimer não signifique perda de dignidade, mas sim um percurso acompanhado, informado e respeitado.

 

O que é a Doença de Alzheimer?

A Doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa crónica e progressiva que afeta o cérebro, comprometendo funções como a memória, o pensamento, a linguagem e o comportamento. Representa entre 60% a 80% dos casos de demência em todo o mundo.

A doença resulta da acumulação de proteínas tóxicas (beta-amiloide e tau) que danificam as conexões entre neurónios, levando à sua morte. Com o tempo, as áreas cerebrais responsáveis pela cognição e pela autonomia funcional são afetadas, tornando a pessoa progressivamente dependente.

 

Causas e fatores de risco

Embora a causa exata da doença ainda não seja totalmente conhecida, há fatores de risco bem identificados:

Fatores de risco não modificáveis:

  • Idade avançada (principal fator de risco)
  • Genética

Fatores de risco modificáveis:

  • Baixa nível educacional
  • Hipertensão arterial
  • Diabetes
  • Colesterol elevado
  • Obesidade
  • Abuso de bebidas alcoólicas
  • Tabagismo
  • Depressão prolongada
  • Inatividade física
  • Trauma crânio-encefálico
  • Surdez
  • Poluição atmosférica
  • Isolamento social

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a promoção da saúde cardiovascular, atividade física regular, dieta equilibrada, estimulação cognitiva e social como medidas preventivas.

 

Sintomas e evolução

A doença evolui em três fases principais:

Inicial: esquecimentos frequentes, dificuldade em encontrar palavras, desorientação leve.

Intermédia: confusão, alterações de humor, dificuldade em reconhecer pessoas próximas.

Avançada: perda severa de memória, dificuldades motoras, dependência total, necessidade de cuidados permanentes.

 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por profissionais especializados, como neurologistas ou geriatras. Inclui:

  • Entrevista clínica e avaliação funcional
  • Exames físicos e neurológicos
  • Ressonância magnética ou tomografia
  • Avaliação neuropsicológica

Não existe cura para a Doença de Alzheimer, mas há tratamentos que podem aliviar sintomas e retardar a progressão:

  • Intervenções não farmacológicas: estimulação cognitiva, apoio psicossocial, atividades sociais e físicas.
  • Medicamentos: como inibidores da acetilcolinesterase e antagonistas do recetor NMDA.

 

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Dicas para quem vive ou cuida de Pessoas com Doença de Alzheimer

Mesmo após o diagnóstico, é possível manter qualidade de vida e autonomia com apoio adequado. Eis algumas recomendações:

Para a Pessoa com Doença de Alzheimer

  • Manter rotinas diárias simples e estruturadas ajuda a reduzir a ansiedade e a desorientação.
  • Praticar atividades cognitivas como jogos de memória, leitura ou ouvir música pode estimular o cérebro.
  • Fazer exercício físico leve e regular, como caminhadas, promove bem-estar físico e mental.
  • Manter o convívio social com familiares e amigos é essencial para combater o isolamento.
  • Adaptar o ambiente doméstico para maior segurança (ex. iluminação adequada, evitar tapetes soltos).
  • Participar nas decisões sobre os seus cuidados, sempre que possível, reforça a autonomia e o respeito pela vontade da pessoa.

Para cuidadores

  • Aprender sobre a doença ajuda a compreender melhor os comportamentos e necessidades.
  • Ter paciência e empatia é fundamental — a comunicação deve ser clara, calma e respeitosa.
  • Cuidar de si próprio: procurar apoio psicológico, formação e momentos de descanso.
  • Estar atento à evolução da doença e adaptar os cuidados às novas necessidades.
  • Conhecer os seus direitos e os da pessoa cuidada, incluindo apoios sociais e legais disponíveis.

 

Autonomia e empoderamento da Pessoa com Doença de Alzheimer

A Pessoa com Doença de Alzheimer continua a ser pessoa — com direitos, vontades e histórias.

Um dos maiores desafios da doença é o impacto na autonomia da pessoa. Muitas vezes, o diagnóstico é acompanhado por atitudes e comportamentos que infantilizam ou excluem a pessoa das decisões sobre a sua vida.

É essencial promover o empoderamento, respeitando a vontade, a dignidade e a capacidade de decisão da Pessoa com Doença de Alzheimer, especialmente nas fases iniciais. A abordagem centrada na pessoa, defendida pela Médicos do Mundo, reforça a importância de ouvir, incluir e respeitar cada trajetória de vida.

 

Envelhecer com dignidade: cuidados e apoio

O diagnóstico não deve ser o fim da autonomia, mas o início de um novo caminho com apoio.

A maioria das Pessoas com Doença de Alzheimer deseja permanecer em casa, junto da sua comunidade. O modelo “Ageing in Place”, reconhecido pela OMS e defendido pela Médicos do Mundo, valoriza esse direito, promovendo cuidados domiciliários, reabilitação e apoio psicossocial.

O papel dos cuidadores informais é fundamental, mas exige apoio estruturado: formação, descanso, acompanhamento psicológico, reconhecimento social e suporte financeiro adequado. 

 

Doença de Alzheimer em Portugal e no mundo

Em Portugal, estima-se que cerca de 205 mil pessoas vivam com demência, sendo a Doença de Alzheimer responsável por 60% a 70% dos casos, segundo dados da Alzheimer Portugal, com base em estudos da Alzheimer Europe e da OCDE.

Ainda de acordo com projeções da Alzheimer Europe, divulgadas pela Alzheimer Portugal, este número poderá aumentar para cerca de 346.905 pessoas até 2050, o que representa um crescimento de aproximadamente 69%.

A nível mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 55 milhões de pessoas vivem com demência, número que poderá triplicar até 2050, atingindo entre 139 e 152 milhões de pessoas, conforme o Global Status Report on Dementia.

 

Envelhecer com Doença de Alzheimer não significa perder dignidade.

 

 

Artigo produzido pela Médicos do Mundo, com consulta das seguintes fontes: 
Alzheimer Portugal
Alzheimer Europe 
Direção-Geral da Saúde (DGS)
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Manual para Cuidar da Pessoa com Demência da Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, com apoio da Alzheimer Europe
Posicionamento sobre Envelhecimento Ativo da Médicos do Mundo