Olá, o meu nome é Sónia Mangas, sou gestora financeira e voluntária da Médicos do Mundo.

 

Há memórias que não guardo da minha infância. Não me lembro do primeiro Natal em família, do primeiro dia de escola ou nem mesmo do primeiro filme que vi no cinema. Mas se fechar os olhos e viajar no tempo até à minha infância, lembro-me do dia em que, lavada em lágrimas depois de ter visto um documentário sobre maus tratos a menores, disse à mãe “já sei o que quero fazer quando for grande! Quero ir para África conduzir ambulâncias e salvar crianças”.

Os anos foram passando… e os sentimentos de compaixão e empatia floresciam em mim a cada dia. No entanto, não sabia o que fazer com essas emoções, como canalizá-las, transformá-las e expressá-las até! Estava longe de imaginar que pudesse haver pessoas carentes desses afetos.

Estar na Médicos do Mundo é isso mesmo, muito mais que uma gestora, uma socorrista, uma voluntária, é uma parte importante da minha vida. Aqui posso ajudar, ensinar e aprender tanto de tudo e de todos. Quando chego a casa, depois de um longo dia de trabalho, é imensurável a gratidão que transborda em mim.

SM

Os últimos 3 meses foram dedicados a trabalhar nos pavilhões de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, criados pela Câmara Municipal de Lisboa. A nossa missão focou-se na assistência médica, no reforço da informação e no apoio psicológico junto deste grupo mais vulnerável. Percorremos diversos estágios emocionais: olhares desconfiados, palavras tremidas, suspiros de alívio, lágrimas de “contentamento descontente”, distanciamentos sociais afetuosos, sorrisos ocultos por máscaras, mas gargalhadas que vibravam cá dentro. Mas o nosso projeto mantém continuidade muito para além desta pandemia, queremos que estas pessoas se sintam integradas e estimuladas a redirecionar o curso da vida. O nosso trabalho voluntário com a Médicos do Mundo (falo no plural pois somos todos a soma das partes que integra uma equipa excecional), desenvolve projetos que devolvem o sentido da vida àqueles que um dia perderam esperança ou desistiram de tentar.    

Não há dúvidas que sair da nossa zona de conforto é um passo para uma vida cheia de experiências gratificantes, condimentada a gosto com uma dose de aventura.        

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