O meu nome é Inês Silva, sou médica e voluntária na Médicos do Mundo desde há 3 anos.
Já colaborei em vários projetos com a MdM, com diferentes tipos de populações: refugiados, imigrantes, pessoas em situação de sem-abrigo e consumidores de substâncias psicoativas, encontrando-me, no início deste ano, a coordenar um projeto na Associação Orientar e a colaborar no programa de consumo vigiado. Quando a COVID-19 começou a dar os primeiros passos em Portugal, a MdM estava pronta. Ativou o plano de contingência, de forma a manter todos os projetos a funcionar, e direcionou os voluntários para onde eram imprescindíveis.
No meu caso, suspendi as consultas presenciais nos projetos onde estava passando a prestar apenas apoio via telefónica e comecei a trabalhar nos pavilhões de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, criados pela Câmara Municipal de Lisboa. Estamos disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana, prestando apoio na doença aguda, gestão de doença crónica, apoio medicamentoso e apoio psicológico. Por vezes, não fazemos nada disso, e estamos só presentes, e por trás da máscara as pessoas sabem que está um sorriso franco e de apoio. Faz a diferença na maioria das vezes, sentem que não estão sozinhas.
Quando me perguntam porque é que o faço não sei dar uma resposta pronta. Parece-me obrigatório. O apoio em saúde, justo e equalitário a todas as pessoas, é sempre a nossa prioridade, e assume uma importância ainda maior sobretudo naquelas em situação de vulnerabilidade e de exclusão social. Trabalhamos em conjunto, com uma equipa multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e outros técnicos de apoio, com um objetivo único: proporcionar cuidados imediatos àqueles que mais precisam de nós. No final do dia, há uma sensação de trabalho feito que me tranquiliza e me faz acreditar que vai mesmo correr tudo bem.