A D. Branca e o Sr. Melo vivem no Porto e são apoiados pela Médicos do Mundo, nomeadamente pelo Terceira (C)Idade. Hoje partilhamos a história de ambos.
Sr. Melo – A história de quem ajuda o próximo n@ Terceira (C)Idade
Vive sozinho no Porto desde o falecimento da sua esposa, em 2013. Tem 67 anos e é um dos beneficiários mais activos, empenhados e dedicados do projecto Terceira (C)Idade (TCI).
O Sr. António, ou Sr. Melo - como é conhecido pela equipa-, tornou-se beneficiário da Médicos do Mundo (MdM) em 2010, após ter sido sinalizado, juntamente com a sua esposa, por voluntários de uma entidade parceira – a Associação Os Meus Amigos. Foi cuidador informal e prestou todos os cuidados necessários à sua esposa, que vivia acamada devido a sequelas de AVC. Depois do falecimento da companheira, António continuou a ser acompanhado pelo projecto TCI, o qual procurou promover o seu bem-estar físico, psicológico e social.
Com o passar do tempo, e apesar de continuar a ser beneficiário, António começou a fazer pequenos arranjos na casa de outros utentes, ajudando assim a equipa do TCI. Entre o arranjo de candeeiros, tomadas, correntes da porta e outros afazeres, António mostra total disponibilidade para auxiliar o projecto e ajudar a realizar todas as intervenções nos contextos domiciliários dos restantes beneficiários. Todas as alterações domiciliárias que faz, contribuem para promover a autonomia, independência e maior felicidade de quem lá vive, permitindo assim que fiquem em suas casas pelo maior tempo possível.
D. Branca – A história de quem vive no Porto, apoiada pela Médicos do Mundo
Tem 82 anos, é viúva e vive no Porto com um dos seus quatro filhos. Reformou-se aos 65 anos, após ter sido empregada doméstica e não sabe ler nem escrever.
D. Branca tornou-se beneficiária da Médicos do Mundo em 2011, depois de ter sido sinalizada por uma assistente social da Junta de Freguesia de São Nicolau, com o objectivo da promoção do bem-estar e da qualidade de vida da mesma. É independente e autónoma nas actividades do dia-a-dia, necessitando de apoio de terceiros para a mobilidade e para outras tarefas como fazer compras, utilizar transportes públicos e cuidar da casa.
A equipa do projecto Terceira (C)Idade (TCI) tem acompanhado a D. Branca de forma a monitorizar o seu estado de saúde e a realizar algumas intervenções no seu contexto domiciliário, facilitando e potenciando a capacidade funcional da utente e, consequentemente, contribuindo para a permanência da mesma por mais tempo no seu ambiente familiar.
No caso da D. Branca muitas têm sido as alterações domiciliárias realizadas: colocação de corrente de segurança na porta de entrada; fixação de tomadas eléctricas; fixação de fios eléctricos ao rodapé das divisórias da casa; isolamento de fios eléctricos expostos; instalação de iluminação no quarto, com interruptor próximo da porta e próximo da cama; instalação de estendal para roupa na varanda; tratamento de humidade e pintura de uma divisória; arranjo de estore de um quarto; arranjo de estrado da cama; pintura de chão do Wc com tinta antiderrapante; entre outras.
Estas alterações domiciliárias são também possíveis graças à ajuda do nosso benefciário Sr. António, que apoia o grupo TCI com todo o carinho e dedicação.
O projecto Terceira (C)Idade
Sabemos que o envelhecimento normal acarreta uma série de alterações fisiológicas e a finalidade da nossa intervenção passa por adaptar o contexto físico onde a pessoa idosa está inserida, tornando-o mais funcional, tendo em conta as dificuldades e capacidades do beneficiário. Garantir a salubridade, promover a segurança, a acessibilidade e a qualidade de vida faz parte da nossa intervenção.
Devemo-nos lembrar que o domicílio é construído ao longo de toda a vida e está intimamente relacionado com as nossas expectativas pessoais, conduta social e cultural, padrões estéticos, funcionalidade e condições económicas, razão pela qual se deve olhar de uma forma criteriosa para o espaço.
O desafio é ajustar/ adaptar os próprios contextos físicos onde habitam os idosos, tornando-os locais mais seguros, para que permaneçam neles durante o maior tempo possível. Essas adaptações devem ser realizadas de uma forma gradual, respondendo às necessidades actuais da pessoa idosa e não “facilitando demais” o desempenho, para que a mesma continue a ser estimulada a manter alguma actividade e participação. Da mesma forma, não se devem realizar demasiadas mudanças no ambiente, de modo a não tornar aquele contexto num local desconhecido e que nada reflicta a identidade da pessoa.
Por outro lado, é importante intervir de forma precoce, fomentando contextos saudáveis ao longo do ciclo de vida. Tudo isto com vista à promoção, protecção e manutenção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação da doença, permitindo uma visão integrada das necessidades e oportunidades de intervenção de modo contínuo (WHO, 2002), específico de cada contexto, mas também sobrepondo visões de articulação e de integração de esforços entre contextos.