Pelo quinto ano consecutivo, o número de refugiados voltou a aumentar. São já 68,5 milhões, dos quais, 52% são menores.  Instituído em Dezembro de 2000 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, assinala-se, a 20 de Junho, o Dia Mundial do Refugiado.

A Médicos do Mundo, através da sua Rede Internacional, está presente ao longo de todo o percurso dos refugiados, desde a Síria ou Iraque, até aos países de passagem, como a Turquia, e locais de entrada na Europa, casos de Lesbos e Quios, na Grécia, Melila, em Espanha, e Calais, em França.  

Também no nosso país a Delegação Portuguesa da MdM participa, desde 2016, no processo de acolhimento de refugiados, através da prestação de cuidados de saúde no Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados (CATR), no âmbito do Programa Municipal de Acolhimento de Refugiados (PMAR LX) da Câmara Municipal de Lisboa.

A intervenção da Delegação Portuguesa da MdM tem como objectivo contribuir para o bem-estar geral dos refugiados a residir no CATR, nomeadamente identificar problemas de saúde à chegada e facilitar o despiste e encaminhamento para estruturas de referência.  

A resposta criada em 2016, pela MdM, que dá apoio aos refugiados recém chegados a Portugal, resulta da necessidade de garantir a promoção da equidade no acesso a cuidados de saúde.  

Fátima Dias, médica com formação de base em saúde pública e voluntária na Médicos do Mundo, foi uma das pessoas responsáveis pela intervenção neste projecto. Conheça nesta entrevista o seu precioso contributo:  

O CATR é um projecto que nasceu no âmbito do Programa Municipal de Acolhimento de Refugiados (PMAR LX) da Câmara Municipal de Lisboa. De que forma surge a sua intervenção neste projecto?  

A minha intervenção aconteceu por estar a apoiar a Médicos do Mundo e dado a minha formação de base, saúde publica, foi-me solicitado esse apoio. A primeira intervenção foi relativa ao espaço, com visita e identificação de pontos fracos, para serem corrigidos e maximizadas as condições higieno-sanitárias.  

 

Qual foi a sua intervenção junto da população refugiada e nas dinâmicas da estrutura do Centro?  

Foi na recepção da população refugiada, nos diferentes momentos, com apoio na triagem de problemas possíveis de saúde, atendendo às suas condições de vida actual. Por norma foi em equipa e com apoio de tradutor de uma forma global.  

Quando uma pessoa pede o estatuto de refugiado, adquire acesso aos cuidados de saúde?  

Fica sim com direito aos cuidados de saúde semelhantes a qualquer cidadão nacional dentro do Serviço Nacional de Saúde  

Quais as dificuldades sentidas?  

A barreira linguística, sem dúvida. Normalmente necessitamos de apoio de um tradutor para fazer a ponte na comunicação.  

Quais as mais valias a nível de desenvolvimento pessoal e profissional?

Quanto à mais valia em termos de desenvolvimento pessoal e profissional, só me resta dizer que o pouco que damos, faz de nós pessoas mais robustas em todos os campos da vida. Espero que a minha contribuição tenha sido, de facto, uma mais valia para aqueles que estavam numa fase de vida de grande fragilidade.  

Em 2018, e pelo quinto ano consecutivo, o recorde mundial de refugiados aumentou, tendo já ultrapassado os 68 milhões. Destes, 52% são menores. Fogem da guerra, da perseguição ou da fome e pedem, unicamente, melhores condições de vida. Este ano, o Dia Mundial do Refugiado alia-se à temática da Solidariedade, a qual é espelhada, diariamente, em todos os projectos da Médicos do Mundo, através de centenas de voluntários, à escala nacional e global, que nos permitem assegurar os cuidados básicos de saúde a estas populações mais vulneráveis.