No dia em que se inicia o vigésimo Congresso de Ajuda Humanitária, em Berlim, os presidentes e directores executivos da Médicos do Mundo defendem a necessidade de lutar pelos direitos humanos e pela dignidade de todas as pessoas do planeta:

“Nós, os presidentes e directores executivos das 15 delegações da MdM, estamos extremamente preocupados com o aumento das tendências de isolacionismo, populismo de extrema-direita e exclusão que se vivem em muitos países. É parte da nossa identidade, enquanto MdM, testemunhar abusos que vão contra os direitos humanos. Não podemos permanecer em silêncio. À medida que as paredes e muros aumentam, há homens, mulheres e crianças forçadas a viver em campos com condições deploráveis – não só no Sul como na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul – os líderes políticos estão a enfocar numa retórica desumana, muitas vezes racista, que aumenta a ameaça vivida pela sociedade civil. 

A linguagem de ódio e a propagação do medo que observamos por todo o globo, relembram-nos os tempos mais negros da nossa história e apenas servem para distrair as atenções sobre os desafios importantes que o mundo está hoje a enfrentar: as crises prolongadas em países como a Síria, o Iémen, a República Centro-Africana, ou o êxodo da comunidade Rohingya de Myanmar. São situações que aumentam a precariedade das condições de vida para largas partes da população, mesmo as que vivem em economias ditas mais evoluídas. Estes casos constituem ainda obstáculos ao acesso a cuidados básicos de saúde para biliões de pessoas.

Com mais pessoas deslocadas do que em algum período desde a Segunda Guerra Mundial, estamos agora a enfrentar uma crise global histórica. Mas mais do que uma crise de refugiados, é uma crise de solidariedade, uma crise de direitos humanos. 

“Sem mais desculpas -  Defender a Dignidade Humana em Tempos de Crise” – é o mote deste ano para o Congresso Internacional de Ajuda Humanitária, que se realiza numa ocasião em que a reunião anual das 15 delegações da MdM ocorre em Berlim. Como hoje em dia são comummente afectados, reafirmamos claramente, e deste modo, que os direitos humanos são um compromisso obrigatório e que a dignidade humana não é negociável. 

Os actores internacionais devem providenciar ajuda àqueles que precisam, numa base de solidariedade, respeitando os direitos humanos, em vez de promoverem a militarização e de se envolverem em intervenções geopolíticas sob o disfarce do “humanitarismo”. 

Apelamos a todos os líderes que façam tudo o que esteja ao seu alcance para permitir que todas as pessoas no planeta possam viver com dignidade. Precisamos de agir agora!”