A automedicação é uma prática frequente e em crescente integrada no sistema de saúde, com vista ao desenvolvimento de responsabilidade e gestão individual da própria saúde. Em Portugal, segundo o despacho n.º 17690/2007 de 23 de Julho, ela define-se como “a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde” e verifica-se que o maior consumo é para medicamentos para as dores, gripes e constipações, e que se utilizam sobretudo analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios, e também antitússicos.
Apesar da automedicação permitir uma resolução rápida de problemas de saúde ligeiros, com menos encargos para o próprio, ao evitar a espera pela consulta médica, assim como aliviar a pressão sobre o SNS1, libertando recursos para situações de maior carência, a automedicação tem riscos, e pode colocar-se como um problema grave, já que pode haver um autodiagnóstico incorrecto, a medicação escolhida interferir com outros fármacos prescritos pelo médico, ter efeitos adversos, ocultar e atrasar o diagnóstico de doenças mais graves ao mascarar sintomas da doença, ou resultar num tratamento inadequado, com a escolha errada do medicamento e da sua posologia e duração. O problema toma-se mais grave quando a automedicação é feita com medicamentos que são uma combinação de várias substâncias activas, já que aumenta o risco de reacções adversas, assim como quando é praticada pelos doentes crónicos ou idosos que têm várias comorbilidades e que estão muitas vezes polimedicados. Assim, como a automedicação pode ser um problema de saúde, ela deve estar limitada a situações clínicas bem definidas e efectuar-se de acordo com as especificações para os MNSRM. A educação para a saúde é também importante ao tornar as pessoas capacitadas e com conhecimento sobre os medicamentos que tomam, e quais os riscos inerentes à toma por iniciativa própria.