MdM Espanha

A população civil não é um alvo! Dezenas de mortos, centenas de feridos em ataques em Sumy e Dnipro, na Ucrânia, na última semana. Condenamos estes ataques sucessivos contra as populações e as infraestruturas civis e de emergência. 

No domingo, 12 de abril de 2025, dois mísseis balísticos atingiram o centro da cidade de Sumy, provocando a morte de 35 pessoas, incluindo crianças, e ferindo pelo menos 119, segundo a agência Reuters.

O ataque teve como alvo uma área densamente povoada, incluindo a Universidade Estadual de Sumy, onde a Médicos do Mundo (MdM) tinha programado realizar uma sessão de formação em saúde mental no final do mês. O seminário foi planeado nesta universidade precisamente porque foi identificada como um dos poucos locais na cidade que oferece abrigo adequado durante emergências. Como infraestrutura civil, o edifício da universidade é protegido pelo Direito Internacional Humanitário e não deveria ter sido alvo do ataque.  

Entretanto, dias depois, na noite de 16 de abril, um drone russo causou a morte de três pessoas, incluindo uma criança, na cidade de Dnipro, no sul da Ucrânia. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas.

A MdM, que conta um escritório em Dnipro, condena veementemente os ataques a áreas tão densamente povoadas. A população civil e os profissionais humanitários nunca devem ser um alvo!

 

"Tivemos ataques como estes quase todas as noites no último mês – infelizmente, tornou-se nossa nova realidade. Houve algumas noites difíceis. Mas não temos escolha senão adaptar-nos e continuar a ajudar as pessoas que precisam de nós. Afinal, é para isso que estamos aqui”, refere David Schuster, coordenador geral da MdM, baseado em Dnipro.

 

A MdM mantém uma presença contínua na Ucrânia desde 2014: opera em 13 oblasts e fornece cuidados de saúde essenciais e apoio psicossocial às comunidades afetadas pela guerra. Desde a escalada do conflito em 2022, com particular intensidade nas últimas semanas, temos observado ataques sucessivos contra civis e infraestruturas civis, incluindo instalações e profissionais de saúde.

A 1 de abril de 2025, o ambulatório de Chornobaivka, apoiado pela MdM, foi atacado por fogo de artilharia. No Oblast de Dnipropetrovsk, na cidade de Nikopol e áreas circundantes, instalações de saúde e infraestruturas civis são regularmente alvo de mísseis a partir das áreas controladas pela Rússia no Oblast de Zaporizhzhia.

Em todo o país, estes ataques contra as populações e as infraestruturas civis e de emergência estão a piorar a situação humanitária, enquanto reduzem drasticamente a capacidade dos atores humanitários de responder e se envolver em esforços de recuperação.

 

Como ator humanitário, apelamos fortemente a investigações independentes, transparentes e abrangentes sobre todos os ataques contra a população e infraestruturas civis na Ucrânia, particularmente instalações de saúde. A luta contra a impunidade é vital para o respeito pelo Direito Internacional Humanitário.

 

Em regiões como Sumy, onde a infraestrutura está a deteriorar-se rapidamente e as necessidades humanitárias estão a aumentar, o nosso trabalho não é apenas urgente – é essencial. Reafirmamos o nosso compromisso inabalável de estar ao lado das comunidades afetadas pela guerra na Ucrânia, de apelar à sua proteção e de continuar a disponibilizar cuidados médicos e psicossociais essenciais em todo o país. Onde quer que as pessoas estejam, e por mais difícil que se torne.

O Direito Internacional Humanitário e as Convenções de Genebra, assinadas por 196 países, protegem os civis e simbolizam a nossa posição comum contra a violência indiscriminada e em defesa da dignidade humana.

Hoje, a dignidade humana está enterrada nas cinzas de Sumy, nos escombros de Gaza, na areia do Sudão.

Não podemos permanecer espetadores silenciosos enquanto os princípios humanitários fundamentais desaparecem.