Logo após os terramotos, com magnitudes de 7,8 e 7,6, a Médicos do Mundo foi para a linha da frente com vista a prestar ajuda humanitária em Hatay. No terreno, a nossa intervenção inclui cuidados de saúde primários, saúde sexual e reprodutiva, apoio à saúde mental e psicossocial, e proteção social, para atender às necessidades em constante evolução das comunidades afetadas.
Desafios persistentes e necessidades contínuas
Dois anos depois, as necessidades humanitárias em Hatay continuam a ser significativas. Apesar dos esforços consideráveis de recuperação, muitas famílias mantêm-se em unidades habitacionais temporárias. A sobrelotação, as instalações sanitárias inadequadas e o acesso limitado a produtos de higiene nestes locais têm intensificado os riscos de saúde, levando a um aumento de infeções e doenças relacionadas com a falta de higiene e água potável.
O impacto psicológico do desastre permanece imenso. Os sobreviventes enfrentam desafios de saúde mental, incluindo Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT), ansiedade e depressão. Abordar a interligação destas necessidades físicas e mentais é essencial para a recuperação da região.
Apelo a apoio contínuo
"Dois anos após os terramotos, as cicatrizes - tanto físicas quanto emocionais - ainda são evidentes em Hatay. Continuamos o nosso trabalho para reconstruir vidas e restaurar a esperança, mas ainda há muito a ser feito. Mantemo-nos firmes na nossa missão de disponibilizar serviços abrangentes de saúde e sociais, e apelamos a todos os intervenientes para que se juntem a nós, garantindo que ninguém seja deixado para trás neste processo de recuperação," refere Hakan Bilgin, Presidente da Médicos do Mundo Turquia, enquanto sublinha a importância de uma ação contínua na região afetada pelos terramotos.
Ao assinalarmos esta data, a Médicos do Mundo mantém o compromisso de apoiar a saúde e o bem-estar das pessoas afetadas pelos terramotos de 6 de fevereiro de 2023. Com colaboração e compromisso contínuos, vamos continuar a ser solidários com a população de Hatay, para reconstruir e fortalecer vidas, e garantir comunidades mais saudáveis e resilientes, com um futuro mais brilhante.
Nos últimos dois anos, a Médicos do Mundo teve um impacto profundo na vida dos sobreviventes, com uma intervenção focada na saúde e no bem-estar.
Alguns números sobre as nossas atividades em Hatay
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32.208 rastreios médicos realizados para tratar condições de saúde imediatas e crónicas.
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17.815 sessões de educação e sensibilização em saúde conduzidas para promover práticas mais saudáveis e prevenir doenças.
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13.500 cuidados de saúde sexual e reprodutiva prestados, garantindo acesso a cuidados de saúde materna, planeamento familiar e educação.
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14.549 apoios em saúde mental e psicossocial disponibilizados, ajudando indivíduos e famílias a lidar com o impacto psicológico do desastre.
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3.960 casos de proteção geridos e sessões de sensibilização relacionadas com a proteção com vista a salvaguardar populações em situação de vulnerabilidade.
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4.750 kits de higiene distribuídos para melhorar a situação sanitária e reduzir o risco de doenças transmitidas pela água.
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47.811 beneficiários apoiados, através da disponibilização de cuidados de saúde, proteção e apoio social.
Na linha da frente também na Síria
Desde o início, a Médicos do Mundo tem estado na linha da frente da resposta de emergência, não só na Turquia, mas também no noroeste da Síria, prestando cuidados de saúde que salvam vidas nas comunidades afetadas.
Os nossos esforços resultaram num aumento significativo da prestação de cuidados de saúde primários, de saúde sexual e reprodutiva, apoio à saúde mental e psicológica, e de consultas de enfermagem. Prestámos mais de 713.686 consultas desde 2023, alcançando quase 200.000 beneficiários – o que reflete o nosso compromisso contínuo em responder às necessidades urgentes de saúde.
Além disso, os nossos trabalhadores comunitários de saúde conduziram mais de 126.000 sessões, envolvendo mais de 230.000 participantes, a maioria dos quais mulheres e grupos vulneráveis. Apesar dos desafios contínuos, as nossas equipas permanecem dedicadas a garantir o acesso a serviços médicos essenciais para quem mais necessita.