A Médicos do Mundo iniciou a realocação da sua equipa internacional e a protecção dos seus colaboradores na Ucrânia, após o começo dos ataques militares. A organização, que começou a operar no país em 2015, conta com um total de 100 profissionais no terreno.
Enquanto organização humanitária, a Médicos do Mundo (MdM) está comprometida com a população civil afectada, em especial a das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e de Lugansk. Os que vivem neste território vão enfrentar grandes dificuldades no acesso a cuidados de saúde e a apoio psicológico, numa altura em que são tão necessários. Tememos pelas vidas das pessoas que apoiamos na região, onde 30% têm mais de 60 anos e necessitam de monitorização constante e acesso a medicamentos para doenças crónicas. Agora que as nossas unidades móveis não conseguem operar, a situação tornou-se mais difícil para estas pessoas.
Há cerca de oito anos que a MdM disponibiliza assistência humanitária e serviços de saúde às populações vulneráveis que vivem ao longo da linha de contacto entre Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia. Durante este período, realizámos cerca de 125 mil consultas médicas. Por causa deste trabalho, contamos com uma excelente aceitação no país e pretendemos continuar a servir a população, tão cedo a situação estabilize e as nossas equipas possam voltar a trabalhar no local.
Mesmo antes da escalada militar do conflito nas últimas horas, cerca de três milhões de pessoas estavam dependentes de ajuda humanitária na sua subsistência. Outras mais de 850 mil estão deslocadas no território da Ucrânia. Tememos que estes números aumentem de forma dramática.
A protecção das vidas humanas deve ser a prioridade absoluta em todas as decisões políticas e militares. Apelamos a todas as partes envolvidas no conflito para que protejam as populações e as infra-estruturas civis, como escolas e hospitais, de acordo com a lei humanitária internacional. Além disso, deve ser ainda disponibilizada ajuda humanitária e passagens seguras para quem pretenda abandonar o país. Todos os Estados considerados países seguros devem estar disponíveis para receber as pessoas provenientes das regiões afectadas.
Foto: Pietro Chekal