Salvar vidas não pode ser um crime. A Médicos do Mundo Portugal, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, condena as medidas persecutórias contra organizações e voluntários que salvam vidas no Mediterrâneo e apela ao respeito pelos direitos destas populações vulneráveis, defendendo uma maior agilidade no processo de reinstalação na Europa.

Qua, 2019-06-19 17:30

Lisboa, 19 de Junho de 2019: A Médicos do Mundo (MdM) Portugal condena fortemente as recentes medidas legislativas persecutórias das organizações humanitárias que salvam refugiados no Mediterrâneo, bem como o processo judicial em Itália contra os voluntários que resgataram centenas de pessoas, entre os quais se encontra um português. Salvar vidas não pode ser um crime. 

Por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra esta quinta-feira, dia 20 de Junho, a delegação portuguesa da MdM chama ainda a atenção para a necessidade de defender os direitos dos refugiados. Tal como quaisquer outros seres humanos, os refugiados têm direito a uma vida digna, em que os direitos à habitação, ao sustento e à segurança devem ser assegurados. É, por isso, fundamental a solidariedade e a protecção, não só daqueles que chegam, mas de todos os que os ajudam. 

Nos últimos anos o mundo tem vindo a ser confrontado com um aumento crescente do número de refugiados que fogem da guerra, da pobreza e de cenários de catástrofes naturais. O seu destino são os campos de refugiados, no seu país ou em países vizinhos, onde vivem em circunstâncias degradantes. Já na Europa, a reinstalação continua a ser um processo muito lento, o que leva a que um grande número de pessoas, nomeadamente crianças, continue a viver em condições de elevada carência de bens e conforto, e até em situações de insalubridade. 

Para a Médicos do Mundo Portugal, devem ser tomadas medidas na União Europeia que agilizem o processo de reinstalação, nomeadamente no que se refere ao acolhimento, atribuição de residência e inserção nas comunidades locais. É também indispensável condenar todos os discursos xenófobos, demagógicos e intelectualmente desonestos que tentam criar nas comunidades locais o medo e a animosidade contra os refugiados, atribuindo-lhes intenções ocultas e responsabilizando-os pelo agravamento de problemas que afectam as populações. 

A MdM, através da sua Rede Internacional, tem prestado assistência aos refugiados um pouco por todo o mundo. Mas apesar da pressão para a reinstalação destas populações vulneráveis na Europa, apenas cerca de 10% tem a sua situação estabilizada.


O trabalho da organização junto dos refugiados é também realizado em Portugal. A delegação portuguesa da MdM tem vindo a assegurar cuidados gratuitos de saúde, no Centro de Acolhimento Temporário para Refugiados de Lisboa e, mais recentemente, também em Évora. 
 

País da acção humanitária
População de risco