Síria
Desde o final de Abril, tem vindo a intensificar-se a violência na província de Idlib, no noroeste da Síria. A população civil continua a enfrentar ataques persistentes que já forçaram a fuga de mais de 180 mil pessoas para o Norte do país.

Médicos do Mundo alerta para o aumento de ataques a infra-estruturas de saúde na Síria

Reuters

 

 

Nos últimos oito anos, as várias partes envolvidas no conflito tiveram como alvo infra-estruturas e profissionais de saúde, o que resultou, só em 2018, na morte de 102 pessoas. Entretanto, a crise humanitária intensifica-se na Síria.

A Médicos do Mundo receia que esta escalada de ataques a infra-estruturas de saúde e a civis, iniciada na província de Idlib, a 28 de Abril, desencadeie uma terrível crise humanitária na região. Até ao momento, 15 infra-estruturas de saúde e hospitais foram parcial ou totalmente destruídos durante os ataques.

Ao ter como alvo estes locais, as partes envolvidas no conflito estão a impedir que a população civil tenha acesso a serviços básicos e essenciais. O impacto destes ataques na prestação de cuidados de saúde e na disponibilização de medicamentos é catastrófico, particularmente no tratamento de doenças graves e crónicas e no acompanhamento de mulheres grávidas. Sujeitas a ataques, as infra-estruturas de saúde encontram-se no limite, com as equipas a trabalharem sobre grande pressão para responder ao elevado número de deslocados e feridos.

“Uma vez que o pior ainda estar por vir, a comunidade internacional deve dar uma resposta inequívoca. Depois de oito anos de conflito ininterrupto, a população civil sente-se cada vez mais abandonada e limitada nos seus movimentos. As infra-estruturas de saúde e as Organizações Não-Governamentais que disponibilizam assistência no terreno não dispõe de recursos ou de capacidade para responder aos grandes fluxos de deslocados e de feridos”, explica Hakan Bilgin, Presidente da delegação turca da Médicos do Mundo. 

Civis apanhados no fogo-cruzado em Idlib

Nos últimos oito anos, a população civil tem sido a principal vítima do conflito. E, mais uma vez, na província densamente povoada de Idlib, onde vivem mais de três milhões de pessoas – dos quais 1,3 milhões já se encontram deslocados devido às ofensivas militares anteriores –, são os civis que pagam o preço mais elevado.  

“Esta nova onda de ataques pode levar a que os deslocados fujam novamente. Idlib era a única região na Síria onde podiam encontrar refúgio e estamos preocupados, já que não existe mais nenhum lugar para onde irem. Os combates colocaram-nos num canto, onde se encontram agora presos. A cada dia que passa, a Síria torna-se numa crise esquecida”, lamenta Philippe de Botton, Presidente da delegação francesa da Médicos do Mundo.

A Médicos do Mundo apela à comunidade internacional para que que tome medidas imediatas, por forma a assegurar o respeito pela lei humanitária internacional, e responda a este emergência humanitária e sanitária sem precedentes. À medida que a crise se agrava, a retirada da ajuda financeira e humanitária a curto e médio prazo não pode ser uma opção.